quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Roteiro histórico-turístico por São Luís do Maranhão PARTE I
César Augusto. Maeques/Dicionário histórico-geográfico da Província do Maranhão.
LARGO DO PALÁCIO
Foi justamente aqui - na Av. Pedro II - que Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiere; Françoise de Rasilly, Senhor de Rasally e Aunelles, loco-tenentes-eraisde Luís XIII, de França e Navarra, fundaram a França Equinocial, em 8 de setembro de 1612. O lugar aproximado em que se terá realizado cerimônia está hoje assinalado por uma pirâmide de mármore. Ficando de costas para a Baía de São Marcos, veremos ao fundo a Catedral
Metropolitana e o Paço Arquiepiscopal. À esquerda, o Palácio dos Leões, o Palácio “La avardiere” e uma seqüência de velhos sobradões que lutam para sobreviver fiéis à linha arquitetônica colonial. O da esquina do Beco do Silva - Neto Guterres - foi onde nasceu Graça Aranha, o autor de Canãa, corifeu do movimento modernista na literatura brasileira. À direita, já nada mais se vê do que evoque o passado. Desaparecido sob os alicerces do prédio do INSS - Edifício João Goulart -, do Fórum, do caixão da agência do Banco da Amazônia e da inexpressiva sede da Capitania dos Portos, estes erguidos em chãos da Igreja da Misericórdia - (mandada arrasar em 1755, foi do adro dessa Igreja que Bequimão pregou ao povo pela última vez, a revolta de 23 de fevereiro de 1684. Mandada arrasar em 1755, foi do adro dessa Igreja que Bequimão pregou ao povo pela última vez, a revolta de 23 de fevereiro de 1684) - e do Teatro velho, que defrontavam o Palácio.
O PALÁCIO DOS LEÕES - sede do poder executivo no estado federado e residência dos Governadores da Província no Império e dos Capitães-Generais, na Colônia - é assim chamado pelos leões de bronze que guardam suas entradas. Seus alicerces mais profundos estão no Forte de São Luís, erigido em 1612 Ravardiere e Rassilly; tomado pelos português de Alexandre de Moura e Jerônimo de Albuquerque a 03 de novembro de 1615, passaria a se chamar Forte de São Felipe, em homenagem a Felipe III de Espanha e II de Portugal, ou simplesmente e popularmente, o “Castelo”; em 1776, o Capitão-General Joaquim de Melo e Póvoas, aproveitando-se , com a expulsão dos jesuítas, da telha, madeirame e escadaria confiscadas à Casa da Ordem, em Alcântara, fez praticamente construir o palácio que hoje se nos apresenta, após sucessivos melhoramentos.
O PALÁCIO ‘LA RAVARDIÉRE”, assim chamado desde 1962, se ergue no mesmo chão onde, desde os primeiros tempos, funcionaram a Cadeia e a Casa da Câmara; data de 1621 o primeiro Senado da Câmara de São Luís, presidido por Simão Estácio da Silveira, o primeiro propagandista da terra na metrópole com sua conhecida “Relação das cousas sumárias do Maranhão - dirigida aos pobres deste Reino de Portugal”, publicada em Lisboa em 1624. A primeira construção do prédio da Prefeitura, como é ainda hoje, conta-se de 8 de março de 1689, data em que o Senado da Câmara oficiou ao Sargento-Mór Antônio de Barros Pereira, pedindo-lhe a colaboração com ceder, para a conclusão das obras, o que sobrasse do edifício da Igreja e Casa da Câmara da vila do Icatú.
A CATEDRAL METROPOLITANA. A atual, começada a construir em 1726 pelos jesuítas, sob a iniciativa do Visitador-Geral da Missão, Padre Jacinto de Carvalho, com o trabalho dos indígenas e o óbolo dos fiéis, sendo-lhe o orago de Nossa Senhora da Boa-Morte, Foi a segunda erigida pelos inacianos no mesmo local; primitivamente existia uma simples capela levantada pelos primeiros milicianos de Inácio de Loyola, logo após sua chegada ao Maranhão em 1616. Só foi Sé-Catedral em 07 de janeiro de 1762, quando da expulsão dos jesuítas pela terceira vez, por ordem do Marques de Pombal. Foram a Igreja e o Colégio contíguos confiscados. Antes, a
Catedral era a Igreja de Nossa Senhora da Vitória - defronte, onde hoje está o prédio do antigo Hotel Central -; arruinada, foi mandada demolir e, 1763. Foi nessa primeira Catedral, hoje desaparecida, que foi criada a Diocese de São Luís do Maranhão, em 1667.

Roteiro histórico-turístico por São Luís do Maranhão
O PALÁCIO EPISCOPAL é o antigo Colégio de Nossa Senhora da Luz, dos jesuítas. De princípio, era casa térrea. Foi abandonado no governo diocesano de 1844/1850 porque se achava em ruínas; sua reedificação começou em 1869.
PRAÇA BENEDITO LEITE: Os nomes antigos foram: largo do João Velho do Val ou do Vale – abastado comerciante português que aí residia -, Praça da Assembléia e Jardim Público 13 de
Maio. Informa Rubem Almeida que “em tempos recuados havia nesse terrenocasebres que abrigavam mulheres de vida airada e que para desalojá-las sugeriu-se à Côrte a criação no local de um jardim botânico”. Artur Azevedo - em uma crônica publicada pelo O Domingo, em 26 de maio de 1873, sob o pseudônimo de Eloy, o Herói - informa que "o nosso jardim de plantas está quase despalperado com a derrubada que nelefizeram que foi por demais cruel e exagerada. Graças, porém, ao comandanteAzevedo, o Largo do João do Vale não é mais um matagal como era dantes, e, BENEDITO PEREIRA LEITE foi o quarto (1906/1910) governador republicano do Maranhão, estadista de larga visão e conceituado prestígio no cenário nacional e que dominou a política regional na primeira década do século. graças ao presidente da província, a música dos grilos e cigarras já ali não fazpraça como fazia, porque a banda do 5o. tem levado de vencida toda aquela malta bravia por meios de notas afinadas e por afinar”. No lado oeste da praça, no primeiro quarteirão da Rua do Giz, existiu outrora um velho sobradinho que a tradição popular apelidara de “Palácio dos Holandeses” e que serviu de motivo para muitos de nossos artistas do lápis e do pincel. Os outros três lados da praça conservam em geral suas edificações de linha arquitetônica colonial, típica de São Luís, motivo por que foi o logradouro objeto de tombamento pelo patrimônio histórico nacional. Do lado norte, a fachada lateral da Sé nova onde por muitos anos funcionou a Assembléia Provincial - daí o antigo nome de Praça da Assembléia - ; do lado leste, o velho sobrado hoje sede da Escola Técnica de Comércio do “Centro Caixeiral”. Aí, nos fundos da Sé, na casa do então Padre José Teles Vidigal o padre Malagrida fundou - em 02 de março de 1751 – o Recolhimento de Nossa Senhora da Anunciação e Remédios, nosso primeiro educandário feminino.
RUA DO GIZ: Hoje, 28 de Julho, data da “adesão” do Maranhão à Independência, de 1823... Vale demorar um breve instante. Do parapeito da praça que se debruça sobre a rua de Nazaré (Joaquim Távora), é possível apreciar o trajeto, desde a velha escadaria por que começa até o antigo e distante Largo das Mercês: é uma das mais saborosas perspectivas do estilo colonial que caracteriza a cidade. Lá embaixo, ao pé da escadaria, fazendo esquina com a antiga rua dos barbeiros (Humberto de Campos), funcionava a redação de “O Globo”, jornal de Paula Duarte, que os negros recentemente forros, e incentivados pelos conservadores, quiseram depredar porque, dizia-se, a República viria anular a Abolição há pouco decretada; o incidente, com a intervenção da força armada, transformou-se nos chamados fuzilamentos do dia 17. Na rua do Giz funciona o CENTRO DE CULTURA POPULAR “DOMINGOS VIEIRA FILHO’, em uma construção datada dos meados do século XIX. Sediou em fins do ‘século passado o famoso Instituto São José, fundado pelo notável professor Domingos Antônio Machado e dedicado à formação secundária e aos preparatórios para ingresso aos cursos superiores. Nessa mesma rua, entre as ruas 14 de Julho e João Vital de Matos, está localizado o SOLAR DA BARONESA DE ANAJATUBA, datado de 27 de maio de 1872. Por ser um dos mais altos existentes nesta zona da cidade - possui quatro andares – é denominado de “Cavalo de Tróia”. Ainda nesta rua está localizado o SOLAR SANTA TERESINHA. Foi residência da professora de música Lilah Lisboa.
PRAIA GRANDE:em seu “São Luís - cidade dos azulejos” prefere visitar este trecho - com suas ruas deliciosamente românticas e legitimamente lusitanas - descendo pela Rampa do Palácio e contornando o promontório, tomando a Rua do Trapiche (Portugal), até a Praia Grande, o centro do comércio atacadista, importador e exportador de ontem.A primeira, a Rua da Calçada - que corta a antiga Rua de Nazaré (Joaquim Távora) despenca-se em ladeira de largos degraus de lioz até a rua do Trapiche -popularmente chamada de BECO DE CATARINA MINA: Uma como que Chica da Silva maranhense, era a negra Catarina Pereira de Jesus escrava forra, que conseguiu considerável fortuna, tornando-se proprietária de imóveis e senhora de escravos, tomando ares de grande dama. Negra inteligente, de formas proporcionais e elegantes, sabia enfeitiçar com sua simpatia e insinuante meiguice os ricaços reinóis da Praia Grande, não pouco vulneráveis aos requebros e denguices de uma mulata; e assim fez-se rica e conseguiu fazer- se lembrada até hoje pelo nome que emprestou à rua...
A RUA DA ESTRELA, que passa pelo Praia Grande, na Praça do Comércio, estende-se, já agora em subida, até as Mercês. Aluízio Azevedo, em “O Mulato”, descreve como sendo aí o estabelecimento de seu Manuel Pescada. Entre o Beco do Deserto e a rua jacinto Maia está localizado o Solar dos Vasconcelos. A área fronteira do ângulo formado pelas ruas da Estrela e Portugal é o que a rigor se chama a Praia Grande, que tinha esse nome antes de ser de todo tomada ao mar e arruada. Durante os meses de invernia (chuvas) e nas épocas de maré alta,
tornava-se um lamaçal pútrido que dificultava o transporte das mercadorias até a Alfândega velha, hoje desaparecida, e que fora a sede da “Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão”. Esse problema desafiou a iniciativa e a boa-vontade dos administradores até 1805, quando se instituiu o chamado Terreiro Público, com suas barracas da praça onde se vendiam obrigatoriamente as frutas, legumes, criações, pescados, vindos do interior para o abastecimento da cidade em barcos a vela, que atracavam no ancoradouro. Em 1820, a Municipalidade deu-lhe regimento de funcionamento e chamou-a “Casa das Tulhas”.
É na Praia Grande que se localizam: CENTRO DE CRIATIVIDADE “ODILO COSTA, FILHO” localizando em antigos armazéns;
MUSEU DE ARTES VISUAIS, localizado em um sobrado de arquitetura típica do século XIX, foi construído exclusivamente para abrigar uma das muitas casas de secos e molhados, estivas e do comércio a grosso., sendo sede, por muitos anos, da firma Silva Maia & Cia Ltda.
SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA - SOBRADO LAGES & CIA, foi construído para funcionamento exclusivo da firma Azevedo e Almeida, fundada em 1815 por Joaquim Azevedo de Almeida, português e homem de muita inteligência e comprovado talento para o comércio. Continuemos subindo pela rua da Estrela (Cândido Mendes), rumo ao sul, em direção às Mercês e ao Desterro. À esquerda, passaremos pelas esquinas do Beco do Quabra-Costas e do Tanguitá (14 de Julho). O Beco do Quebra-Costa (hoje, João Vital)9, ou do Quabra-Bunda - também chamada de Beco da Pacotilha em virtude de o grande jornalista Vítor Lobato ter aí estabelecido seu jornal em abril de 1890 num sobradão de azulejos verdes - Largo do Carmo esquina com o Quabra-Costas, prédio construído em 1758. Nessa rua, entre a rua da Palma e 28 de Julho, há uma das capelas dos Passos. Nós a veremos na volta. JOÃO VITAL DE MATOS foi farmacêutico e mantinha nessa rua, num sobrado de ornatos caprichosos, esquina com a rua da Palma uma bem montada drogaria e um excelente laboratório de produtos farmacêuticos. Homem viajado, culto, inventou várias fórmulas que fizeram época e ainda até recentemente eram bem vendidas, como a famosa “Tintura Preciosa” e o “Elixir de
Carnaúba”.À direita: - o beco da Boa-Ventura antiga travessa Fluvial porque num sobrado da rua da Estrela, que lhe faz canto, funcionava a Companhia Empresa de Navegação a Vapor dos Rios do Maranhão, mais conhecida como Fluvial; era um ponto predileto dos negros de ganho que trabalhavam na chamada Paria Grande e adjacências; - o beco da Prensa, mandado abrir pelo comerciante João Gualberto da Costa para serventia de uma prensa de algodão, a primeira que tivemos; - cruzaremos ainda: a rua Direita, hoje Henrique Leal; chamou-se outrora Passo do Lapemberg, em homenagem ao causídico maranhense Antônio Martiniano
Lapemberg, defensor de um dos implicados no trágico crime de Pontes de Vergueiro; chamou-se também Marcílio Dias, em homenagem ao grumete herói da batalha do Riachuelo. ANTONIO HENRIQUES LEAL nasceu em Cantanhede em 24 de junho de 1828 e faleceu no Rio de janeiro a 29 de setembro de 1885. Formou-se em medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro. Médico competente e político influente, estudou com proficiência a história do Maranhão, deixando-nos “O Panteão Maranhense” série biográfica de escritores e poetas que lhe valeu o
cognome de “Plutarco Brasileiro”. - a do Deserto, até a rua da Cascata (Jacinto Maia - JACINTO JOSÉ MAIA, comerciante português, vivia de rendas imobiliárias e chefiou a sólida firma Maia,
Sobrinhos & Cia; homem rico, sabia olhar os desprotegidos da fortuna e dedicou grande parte de sua existência a uma filantropia que tinha a virtude de não ser ostensiva), no LARGO DAS MERCÊS. No caminho, na esquina de Tanguitá, está o solar que foi do Visconde de Itacolomi, cujos jardins de entrada dão para a rua paralela, a do Giz (28 de Julho). A seguir, em meio ao último quarteirão, o Solar dos Vasconcelos, onde funcionou a Imprensa Oficial; por fim, na esquina com a Cascata, já para as Mercês, a casa que foi de Teixeira Mendes, o apóstolo do Positivismo no Maranhão. No meio do quarteirão, entre as ruas da Estrela e do Giz, apresenta-se-nos um modesto sobradinho, baixo e quase sem fundos; diz a tradição que foi uma velha prisão ou mercado de escravos: uma cafua.
LARGO DAS MERCÊS
Hoje, Praça Luís Domingues10, onde existiu a Igreja de Nossa Senhora das Mercês e hoje há o restaurado convento da mesma invocação, sede do Centro da Memória Republicana, onde é guardada a memória do governo Sarney. O convento foi construído em 1654 e teve momentos de esplendor em sua vida. Decaindo, nele foi instalado oficialmente em 3 de fevereiro de 1863, depois de sofrer grandes reformas, o Seminário de N. S. das Mercês ou pequeno seminário.
Perdida a função de estabelecimento de ensino, o governo aí instalou o quartel da força pública e posteriormente o corpo de bombeiros. Mais adiante está o Largo do Desterro. Seguindo pela rua Direita, passa-se LUIS ANTÔNIO DOMINGUES DA SILVA nasceu em Turiaçu a 11 de julho de 1862 e faleceu em São Luís a 11 de julho de 1922. Formou-se em Direito pela Faculdade do Recife e governou o Maranhão de 1911 a 1914. Pertencia à Academia Maranhense de Letras, pela esquina da antiga rua da Palma (Herculano Parga), dobrando-se à direita chegase ao beco da Caela (Maranhão Sobrinho) à Praça do Desterro. Aqui desenrolou-se importantes episódios da invasão holandesa no Maranhão. Este vasto quadrilátero irregular, que percorremos desde o largo do Palácio e do João do Vale, até a Praça das Mercês e do Desterro, estendeu-se o bairro mais velho de São Luís, limitado pelo Largo do Carmo e a rua Formosa (Afonso Pena), antiga estrada Real. Voltemos ao Largo do Carmo.
LARGO DO CARMO: Entre as ruas Grande (Oswaldo Cruz) e da Paz (Cel. Colares Moreira), sobre o que resta da primitiva colina de Santa Bárbara, fica o Convento do Carmo Novo e sua igreja de azulejos brancos, “que reverberam ao sol poente”. Anteriormente havia uma capela, sob a invocação de Santa Bárbara; em 1627 os frades carmelitas construíram o convento de N. S. do Monte Carmelo. No Convento funcionou o Liceu Maranhense, sob a direção do emérito gramático Sotero dos Reis. Das janelas deste convento, quando Liceu, aí pelo ano de 1889, os estudantes deram “estrondosa vaia no Conde d’Eu, quando o príncipe de viagem pelo interior do país em campanha política no sentido de assegurar à consorte, D. Isabel, um terceiro reinado”. Na época da invasão holandesa, os maranhenses - que vinham vencendo os batavos desde o Itapecuru-Mirim, cercaram os homens de Pieter Bass no Castelo, entrincheirando-se na Colina do Carmo. Antônio Muniz Barreiro, herói maior da reconquista da cidade aos holandeses, é atingido no peito por uma bala inimiga e, mortalmente ferido, recolhe-se ao Convento, para falecer momentos após. Era o dia 16 de janeiro de 1643. Antônio Teixeira de Melo, seu sucessor, prossegue na resistência e um ano após (28 de fevereiro de 1644) acabaria por expulsar o invasor de uma vez por todas. Por esse feito, é dada aos moradores do Maranhão, em 1655, por D. João IV, o Restaurador, as honras e privilégios da Infanção. Os maranhenses não poderiam ser postos em prisão comum, nem sujeitos a ferros ou tormento; ficavam isentos do serviço militar e gozavam do direito de portar armas em qualquer hora e lugar, inclusive espadas com bainha de veludo, terços de ouro e punhos de fio dourado; de usar seda, metais e pedras preciosas.
Aqui funcionou uma das primeiras feiras ou mercados existentes em São Luís. Foi também o primeiro abrigo público que houve na cidade, mandado construir pelo almocatel Agostinho Inácio Rodrigues Tôrres “para abrigar da chuva e da canícula asvendeiras de hortaliças”.
Nesse largo havia ainda um pelourinho - descrito por César Marques como uma “bela coluna torcida de pedra mármore”. Não se sabe quando foi erigido, porém a 22 de setembro de 1815 o juiz pela lei Isidoro Rodrigues Pereira requeria ao governo auxílio militar para coadjuvar um homem de vara na prisão de alguns serventes necessários à ereção do pelourinho. Foi-lhe negado. Quando dos “prenúncios da Proclamação da República”, o pelourinho foi “vandálicamente destruído pelo povo a incitamentos da oratória fogosa do grande tribuno Paula Duarte”. Isso, em primeiro denovembro de 1889. Em 1901 foi o histórico largo denominado Praça João Lisboa. Situada na parte que fica entre as ruas do Sol e da Paz está, “sobre os restos mortais do escritor a que serve de túmulo”, a estátua de João Francisco Lisboa. Jornalista emérito, historiador autorizado, clássico da língua, “glória maior da Atenas do Brasil porque honra e glória de toda a nacionalidade, alí está, para edificação dos pósteros, na postura de que lê, para exemplo e ensinamento, o seu famoso ‘Jornal do Timon’”. Foi das janelas de sua residência no velho largo do Carmo que o ilustre jornalista viu desfilar muitas vezes a vida da cidade.
SOBRADO COLONIAL - CASA DA CIDADE - datado do início do século XIX, foi construído no lugar onde deveria se edificado o Teatro União. sua primitiva ocupação foi de servir de residência particular, já foi sede da Câmara Municipal de São Luís.
Na esquina com o Beco da Pacotilha (Rua João Vital de Matos), está o SOLAR DOS BELFORD. Sobradão colonial do século XVIII, provavelmente concluído em 1756, pertenceu a Lourenço Belford. Na segunda metade do século XIX residia nesse imóvel o Barão de Coroatá, Manoel Gomes da Silva Belford. Em 1899 passou a ser seu proprietário o jornalista Vítor Lobato, que aí instalou redação, gerência e oficinas de seu famoso jornal “Pacotilha”. Um pouco mais abaixo, já na Rua Formosa, o prédio onde funcionou os Diários Associados (O Imparcial). Prédio construído aproximadamente em 1846 pelo Comendador José Leite, pai do Senador Benedito Leite. Também serviu de Palácio da Justiça, Ginásio para moças, cabaré, até ser adquirido por Assis Chateaubriand, para sede do seu jornal. Era no velho largo que se realizava a célebre festa de Santa Filomena.
RUA DO EGITO: A rua Tarquínio Lopes11 leva do largo do Carmo à antiga Praia do Caju. MEIRELES (1964) reclama que está desfigurada, com as reformas que se lhe fizeram para alargar. Era estreita, e sem alcançar a praia, morria asfixiada no cotovelo da rua do Poço (hoje do Machado), rua humilde em que, na esquina com a do Ribeirão, nasceram os irmãos Azevedo, Artur e Aluízio, o teatrólogo e o romancista. Entre os moradores famosos da rua do Egito contava-se, ainda, os historiadores César sócio efetivo da Academia Maranhense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, e membro do Conselho de Cultura do Estado.” (MEIRLES, Mário M. João de Barros, primeiro donatário do Maranhão. São Luís : ALUMAR, 1996, p. 70, nota de pé-de-página).No prédio hoje ocupado pela Assembléia Legislativa funcionou a “Escola “11 de Agôsto”, assim denominada por ter sido fundada nesse dia, no ano de 1870 pelos bacharéis João Antônio Coqueiro, Antônio de Almeida e Oliveira, Martiniano Mendes Pereira, Manuel Jansen Pereira e outros, com o objetivo de estabelecer cursos noturnos para as classes operárias.
IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETINHOS - na rua do Egito ficava localizada a Igreja do Carmo (1614). Com o alargamento da rua em 1717, foi construída a Igreja do Rosário, sendo o terreno doado por Frei Tomaz Jordão, prior do Convento do Carmo, para a congregação dos pretinhos irmãos de Nossa Senhora do Rosário. O padre Antônio Vieira fez vários sermões nessa igreja. Em frente, o SOLAR CESÁRIO VERAS. Pertenceu ao Desembargador José Mariano Corrêa de Azevedo Coutinho e, mais tarde, ao Dr. Cesário dos Santos Veras. No dia 17 de novembro de 1824, a sociedade maranhense homenageou com um banquete o almirante inglês Lord Cochrane, que um ano antes viera ao Maranhão para ultimar a adesão da província (28 de julho de 1823) à independência. Na esquina da Rua de Nazaré está localizado o Edifício São Luís. É considerado o maior prédio de azulejo do País.
Travessa Dom Francisco. Antigamente, era estreitíssima, quando se chamava beco da Sé, ou mais remotamente, beco de João do Vale, para chegarmos ao Largo do Palácio. Antes, passamos pelo seu xipófago, o largo de João do Vale.
FONTE DO RIBEIRÃO: Do Largo do Carmo iremos saindo pela rua do Sol, até o Largo do Quartel. Antes, passemos pela Fonte do Ribeirão, na paralela rua dos Afogados. A Fonte do Ribeirão foi mandada construir em 1796 pelo Governador e Capitão-General D. Fernando Antônio de Noronha. Sobre as carrancas por que escorre a água da fonte para o chão lajeado de cantaria, três portas gradeadas de ferro dão acesso a outras tantas galerias, motivo de lendas que a imaginação popular tem criado.
RUA DO SOL: A rua do Sol é das mais antigas da cidade, pois já aparece em uma planta, datada de 1640, à época da invasão holandesa. Orígenes Lessa a celebrizou em seu romance, que tem esse título. Hoje, recebe o nome de Nina Rodrigues13, em homenagem ao sábio antropólogo brasileiro. No prédio 67, em um mirantezinho aí existente, Aluísio Azevedo escreveu “O Mulato” e Antônio Lobo, “A Carteira de um neurastênico”. E num magnífico sobrado de vinte e uma janelas, hoje demolido, funcionou o famoso Colégio de Nossa Senhora da Glória, destinado à educação de meninas e dirigido perla professora 13 RAIMUNDO NINA RODRIGUES nasceu em Vargem Grande, a 4 de dezembro de 1862 e faleceu em paris a 17 de julho de 1906. Foi pioneiro no estudo do negro brasileiro, lançando as bases de uma escola antropológica com métodos avançados de pesquisa e interpretação. Sua biografia científica atinge cerca de 60 títulos.
Amância Leonor de Castro Abranches, tia do escritor Dunshe de Abranches, que evoca esse imóvel no livro “O Cativeiro”. Foi nesse colégio que se recolheu D. Emília Amália Branco, mãe de Artur e Aluísio Azevedo. Nessa rua funcionou também o Colégio de São João, dirigido pelo Dr. Augusto César da Silva Rosa. E é ali que está o Teatro Artur Azevedo, fundado em 1817, com o nome de União e, depois, de São Luís. No prédio de no. 302, em um enorme sobrado de entrada pomposa, com portal de cantaria lavrada, viveu algum tempo Joaquim Gomes de Sousa, o famoso matemático maranhense. É onde hoje está instalado o Museu Histórico e Artístico do Maranhão.
LARGO DE SÃO JOÃO: Daqui, vamos até o Largo de São João, onde está situada a matriz que lhe empresta o nome, já na esquina da rua da Paz, paralela à do Sol, hoje chamada praça Henrique Leal. Nesse templo a piedade cristã recolheu os restos mortais do delator da Inconfidência Mineira, Joaquim Silvério dos Reis, que veio curtir no Maranhão o remorso de seus últimos dias. Defronte à igreja, o “Palácio das Lágrimas”, onde hoje está a Faculdade de Odontologia e antigamente foi sede da Escola Modelo Benedito Leite. Conta-se que, no andar superior, seu proprietário mantinha sob severa vigilância, um verdadeiro harém d e jovens escravas e por uma delas apaixonou-se um outro escravo da casa, que, não correspondido, pois a bela escrava preferiu permanecer como a favorita do senhor, o moço escravo, louco de ciúmes, vingou-se colocando veneno na comida de dois filhos da casa, deixando o resto na mala de sua eleita. Descoberto o crime, as provas indicavam a bela escrava, que foi levada ao patíbulo, não obstante protestasse inocência; ao descer as escadarias que dava para a rua, rumo ao cadafalso, tantas foram as lágrimas de revolta de sua inocência que, como a quererem eternizar seu clamor, jamais se apagaram de sobre as lajes dos degraus que todos os dias delas anheciam molhados. Perseguido pela dúvida do remorso, o senhor fez substituir as pedras lacrimejantes, mas a vingança do destino sobreviveu, em tudo o mais e a casa se fez mal assombrada. Seu último dono, ensandecido, enchia de pavor o silêncio da noite com seus cantos e seus gritos, enquanto, insone, corria os aposentos desertos daquele andar onde fora o harém. O patíbulo era, então, nessa mesma rua da Paz, na esquina da atual Artur Azevedo, popularmente chamada da Mangueira e antes da Forca Velha: Ao lado do Palácio das Lágrimas, na rua 13 de Maio, O MUSEU DE ARTE SACRA DO MARANHÃO:localizado em um solar construído na segunda metade do século XIX, tendo servido de residência do barão de Grajaú, o Dr. Carlos Fernando Ribeiro e da Baronesa, Sra. Ana Rosa Viana Ribeiro. Foi sede do Museu Pio XII. Ainda na rua 13 de Maio, o Sobrado Pontes Vergueiros, construção do século XIX, tendo nele residido o Desembargador Pontes Vergueiros que sentindo paixão desenfreada pela mulata Mariquinhas, tomou em delírio passional a resolução de assassiná-la. Depois de morta, Mariquinhas foi esquartejada e colocada em uma mala de zinco, tendo como soldador Amâncio José da Paixão, pai de Catulo da Paixão Cearense.
PRAÇA DEODORO: O antigo Largo do Quartel é hoje a Praça Deodoro; já foi do quartel do 24o., do 48o., do 5o. batalhão... lá foi construído primeiro quartel do Brasil, conforme autorização de 27 de junho de 1792. Demolido, em seu lugar, com a Biblioteca Pública “Benedito Leite” ao centro, está hoje a Praça do Panteon - do Panteon porque nela estão colocadas as ermas dos filhos ilustres da terra que ainda não tenham estátua em outros logradouros.
Parque Urbano Santos14: por trás do velho quartel ficava o Campo do Ourique, hoje igualmente desaparecido. A parte posterior do Campo d’Ourique dava para um fundo grotão onde corria a chamada Fonte do Mamoin. Em 1882 dizia-se ser de urgente a construção de um paredão de pedra e cal, pois estava desmoronando e colocando em riscos as casas ali edificadas, dentre as quais as do Visconde de Itacolomi do Norte. Ali, funcionou em 1881 um pequeno hipódromo onde foram realizadas interessantes corridas. Funcionou, ainda, uma pequena estação meteorológica. Em 1914 recebeu o nome de Parque Urbano Santos, hoje ocupado na maior parte ocupado pelo edifício de linha neocolonial em que funciona o Liceu Maranhense.

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