segunda-feira, 29 de setembro de 2008

PRAIA GRANDE: Uma História de Resistência /Lana Lourdes Pereira
PROJETO REVIVER
Como vimos, em 1979 surgiu o Projeto Praia Grande, visando recuperar e revitalizar o conjunto arquitetônico do Centro Histórico de São Luís.
No ano de 1983 o trabalho de recuperação e preservação foi paralisado, ficando o nosso patrimônio esquecido e o Projeto Praia Grande somente nos sonhos.
Já em 1987, este projeto vai ressurgir como uma nova proposta do Governo do Estado, representado na época pelo Governador Epitácio Cafeteira, cedendo lugar ao Projeto Reviver através do Decreto n° 067 de 25.05.1989. Com o objetivo de assegurar de forma definitiva a preservação do patrimônio cultural, concentrando suas ações na área da Praia Grande. O projeto foi dividido em duas etapas: a primeira que foi executada no período de 1987/1988, quando ele ainda era conhecido como Praia Grande; a Segunda etapa foi realizada em 1989, quando passou a ser conhecido como Reviver.
Na primeira etapa o projeto foi direcionado para obras prioritárias como: Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, Fábrica Cânhamo, sobrado do Largo do Comércio, sobrado da Montanha Russa, a Casa da Cidade de São Luís, Escola de Música, Albergue Solar da Amizade, Casa dos Estudantes Secundarista, Fachada da Igreja da Sé e do palácio Episcopal e Armazéns Gerais do Estado e a Casa de Cultura Josué Montello.
Na segunda etapa, o Bairro da Praia Grande teve sua estrutura urbana totalmente recuperada. Foram 107.000 m2, dentro da área tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional, onde estão localizada as 15 quadras e os 200 imóveis beneficiados. As redes de água, esgoto e drenagem foram renovadas; foram construídas novas redes subterrâneas de energia elétrica e telefonia; na iluminação pública foram utilizados postes de ferro fundido, arandelas e lampiões; praças foram construídas, as calçadas foram alargada e receberam pedras de cantaria; restauraram becos e escadarias; e recobriram as ruas com calçamento de paralelepípedos.
Ao todo, nesta fase, mais de 8 mil m2 de imóveis foram restaurados e readquiriram nova função sócio-econômica com a instalação de restaurantes, bares, galerias de arte e de um Museu de Artes Visuais.
Já no ano de 1993, no Governo de Edson Lobão, era inaugurado um projeto piloto de habitação, que deu abrigo para famílias distribuídas em dez apartamentos, englobando uma população de cinqüenta pessoas, antigos moradores da Praia Grande. Este projeto vinha concretizar um dos objetivos do antigo Projeto Praia Grande, que era propiciar a permanência da população residente no Centro Histórico.
Nesse ano, o então Secretário de Cultura do Estado do Maranhão e antigo Coordenador do Projeto Praia Grande, Luís Phelipe Andrés dizia que o Governo precisava fazer a urbanização e aproveitar o que tinha-se de positivo. Dizia que os custos eram altos, porém estavam negociando com o BID, que iria financiar uma etapa do projeto, que deveria chegar até o Portinho e Desterro. Porém os recursos não chegaram e mais uma vez este projeto passou a ficar somente na boa vontade daqueles que lutam bravamente pelo patrimônio do Maranhão.
4.3.6 São Luís - Patrimônio da Humanidade
Em 23.05.1996, a Governadora Roseana Sarney, apresentou oficialmente ao Diretor Geral da UNESCO, Frederico Mayor, a proposta de inclusão do Centro Histórico de São Luís, no livro tombo do Patrimônio Mundial.
Para elaborar esta proposta foi nomeada pela governadora uma equipe nacional e internacional, composta pelos seguintes membros: Edson Fogaça, Rafael Moreira, Jean Pierre Halevy, Glauco Campelo, Sílvia Lea, Alessandro Candeas, Eliézer Moreira, Phelipe Andrés, Ronald Almeida, Frederico Burnnet e Zelinda Lima. Foi, também formada uma equipe de consultores: Dora Alcântara, Pedro Alcântara, Danilo Rocha, Carlos Lima, Mário Meireles e Albanes Ramos.
Estas equipes elaboraram um minucioso relatório e um vasto dossiê fotográfico que foram apresentado ao Conselho Internacional de Monumentos e Sítios Históricos - Icomo, órgão a serviço da UNESCO, que emitiu o parecer técnico, valendo-se também de outro dossiê elaborado pelo arquiteto Júlio Morosi, que havia sido enviado a São Luís, por este órgão.
O Bureau do Comitê do Patrimônio aprovou a inclusão de São Luís com base nos seguintes critérios da Convenção do Patrimônio Mundial.
III) Testemunho excepcional de tradição cultural;
IV) Exemplo destacado de conjunto arquitetônico e paisagem urbana, que ilustra um momento significativo da história da humanidade;
V) Exemplo importante de um assentamento humano tradicional, que é também representativo de uma cultura e de uma época.
Para o Bureau do Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO o Centro Histórico de São Luís é um exemplo excepcional de cidade colonial portuguesa, adaptada com sucesso à contemporânea e ás condições climáticas da América do Sul equatorial, e que tem conservados dentro das notáveis proporções o tecido urbano harmoniosamente integrados do ambiente que o cerca.
A área da São Luís que será declarada Patrimônio da Humanidade abrange a Praia Grande e suas adjacências, fazendo parte da zona de tombamento feito pela UNIÃO, na década de sessenta. Este é o conjunto de maior expressão histórica e volumétrica, e maior densidade construtiva e unidade arquitetônica, assentado sobre a planta urbanística de 1624, do engenheiro português Francisco Farias de Mesquita.
Em dezembro, quando a Assembléia Geral da UNESCO referendar o parecer técnico do Comitê de Patrimônio, São Luís fará parte de um seleto grupo de cidades no mundo inteiro. No Brasil esta qualificação foi concedida a Brasília, ao Bairro do Pelourinho (Salvador), às cidades de Olinda, Ouro Preto e Foz do Iguaçu, ao Santuário de Bom Jesus do Matosinho (Minas Gerais) e às missões Jesuítas de São Miguel das Missões no Rio Grande do Sul.

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