segunda-feira, 29 de setembro de 2008

ECONOMIA COLONIAL MARANHENSE
A primeira manifestação comercial no Maranhão foi o escambo entre os franceses e indígenas, cujo principal produto era o pau-brasil.
Com o estabelecimento da França Equinocial iniciou-se a exportação de produtos como: o tabaco, a pimenta, o algodão e madeira.
De fato, o verídico cronista fala-nos na grande quantidade de tabaco que havia na Ilha Grande, planta muito procurada na Europa, e que dava bom preço na França, nas Flandres e na Inglaterra, na abundância do algodão e na pimenta. Quando os portugueses retomavam a posse das terras maranhenses demoraram um pouco para organizarem a vida de São Luís. Foi através de Simão Estácio de Oliveira que esta deixou de ser um simples quartel de tropas.
Em 1619 comunicavam ao Rei que estava instalada a primeira Câmara Municipal de São Luís. Naquela época a cidade, que teve sua primeira planta projetada por Francisco Mesquita, não passava de três caminhos quase sem casas com uma população de 300 almas.
A lavoura desenvolvida era a mandioca e o algodão, porém muito reduzida, porque a população portuguesa estava ocupada com o serviço de tropa.
O comércio externo não existia por falta de produtos para a exportação e o comércio interno era feito através de trocas, conforme a necessidade do momento.
Para resolver tal problema, começaram a chegar em terras maranhenses imigrantes. Contudo, a própria legislação portuguesa atrapalhava tal empresa. E a emigração para o Maranhão foi muita morosa. A situação da capitania maranhense era bastante difícil. Os colonos reclamavam da situação de miséria e abandono que se encontravam. Diziam que era muito séria a falta do escravo indígena, visto que não o possuíam nem para as atividades mais simples como: equipar uma canoa, buscar um feixe de lenha, pote d'água na fonte, etc.
Reclamavam que o estado de miséria era tanto que moravam em choupanas e que tinham que andar vestidos com roupas de pano de algodão grosso, da terra, tinto de preto. Muitas vezes chegava a faltar até a farinha de mandioca, alimento básico da colônia.
As primeiras tentativas para mudar tal quadro só irão surgir na segunda metade do séc. XVII. Enquanto isso, desenvolveu-se a indústria extrativa, da qual destacamos os seguintes produtos: cravo, salsaparrilha, baunilha, âmbar, canela, pau-brasil, pau-preto e urucu.
Percebe-se que a situação econômica do Maranhão nos primeiros tempos de colonização era bastante difícil. Visto que, a economia baseava-se na exploração de alguns produtos de subsistência, cuja produção mal dava para o consumo interno.
O comércio limitava-se a exportação de rolos de pano, que os nativos fiavam, para os centros da capitania e das Minas Gerais. Exportou-se mesmo, ocasionalmente em pequenas quantidades; e na falta de moeda, os novelos de fio e de panos de algodão chegaram a circular em certas regiões como tal; hábito que tanto se arraigou que no Maranhão; p.ex., exprimiam-se ainda naquelas mercadorias, em princípio do séc. XIX, os valores monetários locais
O Maranhão encontrava-se, portanto, fora do mercado externo, fazendo com que somente um navio ano a ano atracasse na ilha. Com isso o estado não possuía mão-de-obra para uma maior produção e vivia numa verdadeira miséria.
A economia maranhense só vai conseguir se desenvolver a partir da política do Primeiro Ministro de Portugal, Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, que criou a Companhia Geral do Grão - Pará e Maranhão (1755).
Era uma empresa monopolista, como a antiga que Manuel Beckman combatera, liderando uma insurreição de oposição à exploração da metrópole, destruidora dos empreendimentos nacionais. E, com o monopólio assegurado por duas décadas, realizando a navegação, estimulou a lavoura e o comércio.
A Companhia resolveu problemas crônicos de nossa lavoura, tais como: a mão-de-obra que era uma questão muito angustiante. Visto que o braço indígena não era engajado com facilidade, já que os jesuítas gozavam de privilégio de manterem a jurisdição espiritual e muitas vezes temporal. Isso gerou vários conflitos entre colonos e religiosos.
Esse problema só terminou quando o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas do Brasil, pois esses religiosos eram acusados de enriquecimento às custas dos índios.
No Brasil duas forma principalmente as questões que acirraram a disputa entre Pombal e os jesuítas: a primeira nasceu da resistência ao plano de libertação dos índios e secularização das missões eclesiásticas; a Segunda., dos sucessos relacionados com o cumprimento do tratado concertado entre Portugal e Espanha no reinado de D. João V.
A inércia financeira da economia maranhense recebeu um ânimo da Companhia através de financiamento da lavoura, legislação de fomento, empréstimos em dinheiro, instrumentos agrários, conselhos técnicos, etc.
Entre os gêneros da lavoura, os que mais receberam incentivo foram o arroz e o algodão.
O arroz produzido no Maranhão era chamado arroz vermelho ou Veneza, de péssima qualidade para a exportação, já que era miúdo, quebradiço e duro. Sendo assim, José Vieira fez a companhia fornecer gratuitamente grande quantidade de semente de arroz vindo de Carolina nos Estados Unidos.
Importando sementes das Carolinas, nos territórios inglêses do norte, atendendo à solicitação do administrador José Vieira de Sousa, a Companhia fêz distribui-las em 1765 aos agricultores maranhenses. Inicialmente o povo resistiu no entanto o Governador Joaquim de Melo e Póvoas baixou normas de penalidade (penas de multa, cadeia, calceta e surra) para aqueles que continuassem o plantio do arroz nativo. A primeira exportação deste produto parece ter sido em 1766 com 2.847 arrôbas, e devido a boa colheita, foi montada uma fábrica de soque de arroz, a margem do rio Anil. Durante todo o séc. XVIII até o séc. XIX a produção deste gênero foi bastante proveitosa para as classes conservadoras. No último ano da Companhia colheu-se 360.000 arrôbas e já no séc. XIX a carga anual era para trinta navios.
O algodão era um produto da lavoura maranhense desde o séc. XVII. Tinha uma produção insignificante e era utilizado para fiar tecidos grosseiros para vestimenta de escravos, índios e muitas vezes do próprio colono. Durante muito tempo, devido a falta de moeda, os novelos de fio e o pano foram utilizados como dinheiro.
A partir do século XVIII, este produto passará a ter um papel de destaque na Europa devido a implantação de fábricas têxteis na Inglaterra. Como o Oriente, já não conseguia mais abastecer o mercado europeu com eficiência, o Brasil vai entrar como área exportadora, no qual vai se destacar a capitania do Maranhão. Com isso, a Companhia irá incentivar seu cultivo em grande escala, irá fornecer instrumentos agrícolas, créditos aos lavradores, estabelecer navegação regular com Portugal e introduzir a mão-de-obra escrava. segundo Caio Prado Jr., essa intensificação da importação de escravos, transformou a fisionomia da sociedade maranhense, pois " o algodão apesar de branco, tornará preto o Maranhão.
A Companhia trouxe um progresso que transformou o Maranhão, em poucos decênios, numa das mais ricas e destacadas capitanias. Quando da sua extinção em 1777, já havia um grande desenvolvimento advindo da lavoura do algodão, sendo assim o Maranhão continuará em sua marcha ascendente.
Segundo Socorro Cabral, a produção destes dois produtos provocaram um verdadeiro surto de progresso material. Sendo que eles conheceram sua expansão até aproximadamente os anos 30 do séc. XIX, quando começaram a declinar as exportações do arroz e o algodão estagnou.
Em substituição a esses produtos surgiu a cultura do açúcar. A partir aproximadamente dos anos 40, grande números de lavradores, sobretudo das regiões de Alcântara, Guimarães e Viana, diante da baixa rentabilidade da produção algodoeira, passou a cultivar a cana-de-açúcar. Segundo esses senhores, a produção de açúcar apresentava, sobre a do algodão, vantagens, como menor vulnerabilidade nos preços, inexistência de fortes concorrentes, como os Estados Unidos, além da existência de regiões propícias ao cultivo de cana. Em 1870, o Maranhão possuía 500 engenhos, sendo o centro de maior produção o Vale do Pindaré e em segundo lugar Guimarães. As primeiras exportações datam dos anos 50 e o declínio dos anos 80. No início do decênio de 80, começou a funcionar o Engenho Central São Pedro, no Vale do Pindaré. Em que pese a fundação desse engenho, a situação da lavoura açucareira não se modificou, senão para se tornar ainda mais grave. As exportações, em declínio desde a década de 80, continuaram caindo, para desaparecer quase que totalmente no início do século seguinte.

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